segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A Instituição chamada "igreja evangélica" nos dias de hoje - A grande maioria

A igreja evangélica brasileira vive a séria conseqüência daquilo que semeou no século passado: um evangelho extremamente superficial, vazio existencialmente e ideologicamente, sem nenhuma proposta para esta sociedade economicamente injusta, socialmente e politicamente corrupta, violenta, que tem gerado incertezas e inseguranças. Neste contexto globalizado, do capital sem pátria, sem ética e excludente, a igreja vive um quadro social de falência de sonhos, de utopias, de valores materiais, de ausência de valores éticos e morais na família e em toda sociedade de forma geral.
Dentro de todo esse movimento, a igreja evangélica, para não perder espaço, sucumbiu a esta forte exigência do mercado pós-moderno, caindo na armadilha da competitividade, passando a apresentar um Jesus Cristo atraente, prometendo “salvação nos céus e prosperidade na terra”, que não exige nenhuma renúncia do “crente-cliente”.
Substituíram-se palavras como “sacrifício”, “pecado” e “arrependimento” por palavras como “decretar”, “conquistar” e “saquear”, numa verdadeira prestação de serviços religiosos.
Tendo que apelar para segurar os exigentes fiéis que constantemente mudam de igreja quando não estão satisfeitos, utilizam-se recursos como pregadores ungidos e comunicativos, a mídia, cultos bem produzidos, testemunhos de convertidos famosos (“profissionais do testemunho”, ou seja, quanto piores os pecados, maior o “ibope”), havendo, com isso, a inversão de valores. Mede-se a qualidade da igreja não mais pela santidade e seu papel profético, mas pelas leis do mercado, como produtividade, desempenho, faturamento e profissionalismo.
No afã de novidades, a igreja brasileira tornou-se refém de técnicas religiosas importadas e apostiladas. Infelizmente, em virtude desta cosmovisão e deste modelo, onde tudo é mágico e instantâneo, surge um modelo teológico e missiólogo pronto, “encaixotado”, sem reflexão e profundidade teológica, gerando rupturas, lutas pelo poder, maledicência, traições, expulsões e ressentimentos, ocasionados inimizades irreconciliáveis.
Diante disso, há cristãos sinceros e comprometidos, feridos, abalados e machucados com igrejas evangélicas, que permanecem firmes na fé, mas que não participam de nenhuma igreja. Alguns acabam retornando para um modelo de espiritualidade cristã clássica, alimentando-se de correntes antigas de igrejas históricas ocidentais e orientais, com práticas como meditação, o silêncio, votos, a oração do coração, mentoria e companheirismo cristão como alternativas para mercantilização do evangelho.
Devido a este processo deteriorante, a igreja distorceu os conteúdos da “Grande Comissão”, onde fazer discípulos de Cristo, seguidores e imitadores do seu modelo de vida, foi substituído pelo modelo empresarial neo-evangélico bem sucedido. O batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, juntamente com a compreensão deste ministério trinitário de relacionamento, tornou-se um batismo denominacional. O ensino a guardar todas as coisas que Jesus ensinou, ou seja, o aprofundamento contínuo na abrangência do discipulado restringiu-se apenas em pedir todas as coisas.
Destacam-se também, as enormes possibilidades de se desenvolver uma práxis evangélica contextualizada, dentro do cenário pós-moderno brasileiro, no intuito de se capacitar os cristãos evangélicos a expressarem claramente o evangelho, e a encarná-lo no contexto desta cultura, tornando-se um desafio para se viver em conformidade com o compromisso cristão em seu meio, e a viver intensamente o evangelho a uma geração que, cada vez mais, é pós-moderna em seu modo de pensar, agir, falar. Enfim, viver, exigindo-se que sejam explorados os contornos do evangelho neste contexto pós-moderno. Em virtude desta realidade, o presente trabalho analisará os desafios da práxis evangélica brasileira, mediante a absorção de valores pós-modernos, comparando-a com as influências negativas e positivas neste cenário de um propalado crescimento evangélico brasileiro, onde nenhum fator destas influências pode ser ignorado.
Márcio Alebral

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