Amados e Queridos Caminhantes do Reino
Graça e Paz a todos da parte do Eterno e do Nosso Mestre Jesus!
No próximo domingo, dia 03 de Agosto, nosso encontro será realizado no GETECO (Escola Estadual Geraldo Teixeira da Costa) ao la do EPA da Parte Alta de Santa Luzia, no "Morro do Sabão", às 10 Horas, com entrada pelos da portões da frente e dos fundos da Escola. Nesse encontro, estaremos estudando a mensagem da Carta aos Gálatas.
Contamos com a participação de todos os Caminhantes da Estação Santa Luzia.
Querendo Deus, nos encontraremos lá.
Que a Graça de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo seja com você.
Márcio Alebral
sábado, 2 de agosto de 2008
Crer é também pensar!
Cansei! Entendo que o mundo evangélico não admite que um pastor confesse o seu cansaço. Conheço as várias passagens da Bíblia que prometem restaurar os trôpegos. Compreendo que o profeta Isaías ensina que Deus restaura as forças do que não tem nenhum vigor. Também estou informado de que Jesus dá alívio para os cansados. Por isso, já me preparo para as censuras dos que se escandalizarem com a minha confissão e me considerarem um derrotista. Contudo, não consigo dissimular: eu me acho exausto.Não, não me afadiguei com Deus ou com minha vocação. Continuo entusiasmado pelo que faço; amo o meu Deus, bem como minha família e amigos. Permaneço esperançoso. Minha fadiga nasce de outras fontes.Canso com o discurso repetitivo e absurdo dos que mercadejam a Palavra de Deus. Já não agüento mais que se usem versículos tirados do Antigo Testamento e que se aplicavam a Israel para vender ilusões aos que lotam as igrejas em busca de alívio. Essa possibilidade mágica de reverter uma realidade cruel me deixa arrasado porque sei que é uma propaganda enganosa. Cansei com os programas de rádio em que os pastores não anunciam mais os conteúdos do evangelho; gastam o tempo alardeando as virtudes de suas próprias instituições. Causa tédio tomar conhecimento das infinitas campanhas e correntes de oração; todas visando exclusivamente encher os seus templos. Considero os amuletos evangélicos horríveis. Cansei de ter de explicar que há uma diferença brutal entre a fé bíblica e as crendices supersticiosas.Canso com a leitura simplista que algumas correntes evangélicas fazem da realidade. Sinto-me triste quando percebo que a injustiça social é vista como uma conspiração satânica, e não como fruto de uma construção social perversa. Não consideram os séculos de preconceitos nem que existe uma economia perversa privilegiando as elites há séculos. Não agüento mais cultos de amarrar demônios ou de desfazer as maldições que pairam sobre o Brasil e o mundo.Canso com a repetição enfadonha das teologias sem criatividade nem riqueza poética. Sinto pena dos teólogos que se contentam em reproduzir o que outros escreveram há séculos. Presos às molduras de suas escolas teológicas, não conseguem admitir que haja outros ângulos de leitura das Escrituras. Convivem com uma teologia pronta. Não enxergam sua pobreza porque acreditam que basta aprofundarem um conhecimento "científico" da Bíblia e desvendarão os mistérios de Deus. A aridez fundamentalista exaure as minhas forças. Canso com os estereótipos pentecostais. Como é doloroso observá-los: sem uma visitação nova do Espírito Santo, buscam criar ambientes espirituais com gritos e manifestações emocionais. Não há nada mais desolador que um culto pentecostal com uma coreografia preservada, mas sem vitalidade espiritual. Cansei, inclusive, de ouvir piadas contadas pelos próprios pentecostais sobre os dons espirituais. Cansei de ouvir relatos sobre evangelistas estrangeiros que vêm ao Brasil para soprar sobre as multidões. Fico abatido com eles porque sei que provocam que as pessoas "caiam sob o poder de Deus" para tirar fotografias ou gravar os acontecimentos e depois levantar fortunas em seus países de origem.Canso com as perguntas que me fazem sobre a conduta cristã e o legalismo. Recebo todos os dias várias mensagens eletrônicas de gente me perguntando se pode beber vinho, usar "piercing", fazer tatuagem, se tratar com acupuntura etc., etc. A lista é enorme e parece inexaurível. Canso com essa mentalidade pequena, que não sai das questiúnculas, que não concebe um exercício religioso mais nobre; que não pensa em grandes temas. Canso com gente que precisa de cabrestos, que não sabe ser livre e não consegue caminhar com princípios. Acho intolerável conviver com aqueles que se acomodam com uma existência sob o domínio da lei e não do amor.Canso com os livros evangélicos traduzidos para o português. Não tanto pelas traduções mal feitas, tampouco pelos exemplos tirados do golfe ou do basebol, que nada têm a ver com a nossa realidade. Canso com os pacotes prontos e com o pragmatismo. Já não agüento mais livros com dez leis ou vinte e um passos para qualquer coisa. Não consigo entender como uma igreja tão vibrante como a brasileira precisa copiar os exemplos lá do norte, onde a abundância é tanta que os profetas denunciam o pecado da complacência entre os crentes. Cansei de ter de opinar se concordo ou não com um novo modelo de crescimento de igreja copiado e que vem sendo adotado no Brasil.Canso com a falta de beleza artística dos evangélicos. Há pouco compareci a um show de música evangélica só para sair arrasado. A musicalidade era medíocre, a poesia sofrível e, pior, percebia-se o interesse comercial por trás do evento. Quão diferente do dia em que me sentei na Sala São Paulo para ouvir a música que Johann Sebastian Bach (1685-1750) compôs sobre os últimos capítulos do Evangelho de São João. Sob a batuta do maestro, subimos o Gólgota. A sala se encheu de um encanto mágico já nos primeiros acordes; fechei os olhos e me senti em um templo. O maestro era um sacerdote e nós, a platéia, uma assembléia de adoradores. Não consegui conter minhas lágrimas nos movimentos dos violinos, dos oboés e das trompas. Aquela beleza não era deste mundo. Envoltos em mistério, transcendíamos a mecânica da vida e nos transportávamos para onde Deus habita. Minhas lágrimas naquele momento também vinham com pesar pelo distanciamento estético da atual cultura evangélica, contente com tão pouca beleza.Canso de explicar que nem todos os pastores são gananciosos e que as igrejas não existem para enriquecer sua liderança. Cansei de ter de dar satisfações todas as vezes que faço qualquer negócio em nome da igreja. Tenho de provar que nossa igreja não tem título protestado em cartório, que não é rica, e que vivemos com um orçamento apertado. Não há nada mais desgastante do que ser obrigado a explanar para parentes ou amigos não evangélicos que aquele último escândalo do jornal não representa a grande maioria dos pastores que vivem dignamente.Canso com as vaidades religiosas. É fatigante observar os líderes que adoram cargos, posições e títulos. Desdenho os conchavos políticos que possibilitam eleições para os altos escalões denominacionais. Cansei com as vaidades acadêmicas e com os mestrados e doutorados que apenas enriquecem os currículos e geram uma soberba tola. Não suporto ouvir que mais um se auto-intitulou apóstolo. Sei que estou cansado, entretanto, não permitirei que o meu cansaço me torne um cínico. Decidi lutar para não atrofiar o meu coração.Por isso, opto por não participar de uma máquina religiosa que fabrica ícones. Não brigarei pelos primeiros lugares nas festas solenes patrocinadas por gente importante. Jamais oferecerei meu nome para compor a lista dos preletores de qualquer conferência. Abro mão de querer adornar meu nome com títulos de qualquer espécie. Não desejo ganhar aplausos de auditórios famosos. Buscarei o convívio dos pequenos grupos, priorizarei fazer minhas refeições com os amigos mais queridos. Meu refúgio será ao lado de pessoas simples, pois quero aprender a valorizar os momentos despretensiosos da vida. Lerei mais poesia para entender a alma humana, mais romances para continuar sonhando e muita boa música para tornar a vida mais bonita. Desejo meditar outras vezes diante do pôr-do-sol para, em silêncio, agradecer a Deus por sua fidelidade. Quero voltar a orar no secreto do meu quarto e a ler as Escrituras como uma carta de amor de meu Pai. Pode ser que outros estejam tão cansados quanto eu. Se é o seu caso, convido-o então a mudar a sua agenda; romper com as estruturas religiosas que sugam suas energias; voltar ao primeiro amor. Jesus afirmou que não adianta ganhar o mundo inteiro e perder a alma. Ainda há tempo de salvar a nossa.
Soli Deo Gloria.
Ricardo Gondim
Pr. Ricardo Gondim é escritor de vários livros, entre eles Artesãos de Uma Nova História
www.ricardogondim.com.br
Postado por Márcio Alebral às 07:39 0 comentários
Sabendo sem nada saber - João Nove
O texto de João capitulo nove — ao introduzir através do “cego de nascença” o tema da Graça como poder de cura [da cegueira], de revelação [de quem Jesus era, de quem o cego era, de quem os pais do cego eram, e de quem os religiosos eram], de misericórdia [manifesta pela decisão unilateral de Jesus de curar o homem], de juízo [sobre os religiosos incrédulos], e, sobretudo, de desvendamento do poder da Graça na desestabilização dos poderes constituídos [o fato moveu as entranhas do Templo] — nos faz ver como a pressuposição de que se “vê” algo, como diziam os religiosos do texto, “nós vemos”, é justamente aquilo que mais nos cega.
“Se fosseis cegos, pecado não teríeis; mas porque dizeis ‘nós vemos’, subsiste o vosso pecado”.
Assim, a equação espiritual do Evangelho acerca de “ver”, é simples:
Não veja por você mesmo. Veja através do Evangelho. Pois o ver mediante o Evangelho sempre parte do fato de que aquele que vê, antes de tudo viu que nada via. E viu sendo cego, pois, agora vê não porque tenha visto Quem o curaria, mas porque por Esse fora antes visto.
No entanto, aquele que diz: “eu vejo”, esse está cego!
Ora, mesmo nos meus melhores dias de percepção [Sim! Pois a percepção sofre variações] ainda vejo que nada vejo, ou, na melhor das hipóteses, vejo apenas muito e tão somente em parte e em parte...
Afinal, quem sou eu?
Sou o que não é em todos os sentidos!
Não tenho poder nenhum sobre e contra quase tudo, ou tudo.
Sim! Pois até na minha melhor segurança, somente seguro me sinto pela multidão de minhas ignorâncias, assim como alguém que dorme sobre um ninho de cobras hibernantes, e pela ignorância acerca da presença delas, descansa em paz.
Dou graças a Deus pela minha ignorância, pela minha chance de não saber, pelo descanso que advém de apenas confiar e viver em paz!
Dou graças ao Pai por apenas viver pela fé. Afinal, por mais hiper-confiante em Deus que eu seja [de fato: fosse], não sou Jesus; e não suportaria viver sabendo para além do que posso como homenzinho e vermezinho de Jacó.
Assim, cada dia mais amo todas as minhas limitações!
Estou tirando prazer da fraqueza e aprendendo dia a dia a benção de não poder e de não entender quase nada, e, ainda assim, andar satisfeito e muito em paz!
O paradoxo do Evangelho neste aspecto da vida, é que quanto mais você se satisfaz apenas em andar pela fé[e não que pelo que se pensa ver], mais surge em você a compreensão que excede o entender e o entender que prescinde do compreender.
E, assim, “sem vírgulas”:
Você começa a não saber enquanto já sabe sem saber como tudo aquilo que você não compreende possa estar em você entendido como algo que você não compreende para poder explicar.
Entendeu?
Rsrsrs. Mas é assim mesmo!
Creia e fique sabendo!
Nele,
Caio
1 de agosto de 2008
Lago Norte
Brasília
DF
Postado por Márcio Alebral às 07:39 0 comentários